terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O estilo das novas tribos urbanas

Tem os bonés dos swaggers, as barbas dos lumberssexuais, os gêneros musicais muito particulares dos hipsters. Afinal, que tipo de homem é você? Descubra aqui os estilos das novas tribos urbanas.
Sabemos que a informação no que diz às tribos urbanas do universo masculino tem sido muito densa. A cada dia surge um novo estilo, um novo rótulo ou será que podemos chamar de tendências ?  Um homem tem barriga e ganha logo um rotulo, um homem passa o dia na academia e logo a seguir já ganha outro. Foi por isso – para o ajudar a entender e conhecer os estilos de homem andam por aí – que reunimos as últimas tendências.



Há uma palavra riscada no dicionário dos hipsters: “mainstream”. E mesmo assim é capaz de ser o estilo que encaixa na maior parte destes rapazes, embora nem todos tenham coragem de fazer aquela pequena dobra na barra das calças chino justas. Nunca vai ver um hipster com headphone ouvindo Ed Sheeran ou a cantarolar o último sucesso do James Bay. O ideal mesmo é tudo o que é alternativo, pouco famoso e que conquista poucos likes nas redes sociais. Os hipsters sabem de cor as letras que o Eddie Vedder canta no álbum “Into the Wild”. Têm uma grande tendência para publicar os instrumentais do DJ Koze no Facebook e para pôr Disclosure pra tocar nas festas com os amigos. Também ouvem Drake, mas a Hotline Bling só passa quando o Spotify está em “sessão privada” porque já está a popularizar-se demais para o gosto deles.

Os hipsters vão a lugares indie. Se quisessem tatuar uma palavra no pulso ou na lateral do dedo, seria: “indie”. Gostam de lugares com decoração muito alternativa, como um piano ao lado de uma mesa de ping pong, livros espalhados pelas mesas e “fairy lights” pendurados em cima de espelhos com moldura de madeira pintada de branco. Se houver um saxofone antigo pendurado ali perto e muita gente com óculos de armação grandes, pretos, também não é má ideia. Tudo muito vintage, até as fotografias que publicam no Instagram com aqueles filtros próximos do sépia. E quando vão ao cinema, a conclusão é sempre a mesma: os livros são melhores que os filmes.


Barba aparada, mas sem tirar o volume? Camisa de flanela? Estuda Engenharia Agrónoma? Confere, você está perante um lumberssexual. Frequentemente chamados de “agrobetos” ou “normcore”, os lumberssexuais usam botas de couro camel, gorro tricotado e camisas interiores  combinando com um dos quadrados da camisa sobreposta. Depois da moda dos metrossexuais (já lá vamos), o surgimento dos lumberssexuais marcou para muitos – e muitas – a volta dos “machões”, da testosterona, dos “homens com H maiúsculo”: têm um ar rústico, selvagem e masculino, combinando com a tatuagem de um urso na batata da perna direita, de rosas cobrindo o braço inteiro ou de um leão no meio do peito. Isto no caso dos amantes do “rock” que ouvem Queens of the Stone Age, Pearl Jam e Pink Floyd. Depois também tem aqueles mais folk, mais amantes da lã e de um Bob Dylan tocando enquanto pesquisam por motos na Internet.

Na hora de escolher um destino de férias , o lumberssexual vai para onde o vento o levar. Literalmente. A natureza é que manda: pega numa sacola de linho, veste as calças com um cinto de couro, segura uns óculos de estilo aviador no primeiro botão da camisa e compra passagem para um destino onde o ar livre é quem mais ordene. Mas não esquece, porém, o iPhone nem um computador da apple: é que, estilos à parte, o machão representado com um machado na mão não deixa de ser um menino da cidade. Só que entra no escritório como se tivesse saído da gruta com vontade de comer um bom bife.



Para entender melhor o estilo de um homem metrossexual tem que abrir a sua agenda. Segunda-feira: entrar no Instagram do Mariano Di Vaio e ver que ele decidiu usar. Terça-feira: fazer a depilação a cera na esteticista porque vai sair e nunca se sabe onde é que a noite vai acabar. Quarta-feira: comprar uma peça de roupa nova para combinar com os sapatos adquiridos na semana passada. Ou vice-versa. Quinta-feira: dia do descanso. Que é basicamente,  chegar do trabalho, tomar um banho com esfoliante corporal  e depois hidratar a pele e aproveitar para fazer as unhas. Sexta-feira: é noitada. Tem que encontrar um lugar “fancy” com música pop e pessoas bem vestidas. Tem cheiro de Hugo Boss The Scent por todo o lado. Tem que ter homens com sapatos no estilo italiano, mulheres elegantes com jóias ou réplicas de primeira linha. Ou pelo menos boas imitações de todas estas marcas.

Os metrossexuais são os Ken da vida real (alguns amigos chamam de susi, quase barbie). São tão “Ken” que as mulheres e homens com quem andam têm de se esforçar para chegar aos calcanhares de uma Barbie à sua altura. Os metrossexuais são o príncipe loiro dos contos da Disney. Cabelo tingidos, talvez, mas impecavelmente preparado depois de fazer as sobrancelhas de acordo com as regras das revistas. E porque algumas pessoas caem aos pés destes homens (cuidado, não pise nos sapatos, foram comprados recentemente)? Porque debaixo de todas peças da Prada, sapatos Givenchy e relógio Gant, tem uma pele suave, um corpo tonificado e bem definido, resultado de todo aquele tempo correndo na esteira da academia. Sem nenhum pelo em nenhuma parte do corpo.


Podia ser o Johnny Bravo, mas não é. É aquele rapaz que entra na academia, pega o peso e faz alguns sons de fadiga com a boca para conquistar a atenção dos outros atletas e garantir que os abdominais são bem notados. Em seguida vai para frente do espelho e tira uma selfie enquanto contrai os músculos do abdômen. Posta no Instagram com dezenas de tags (#gym #body #effort #likeaman, etc.) e a descrição “no pain no gain”. E ainda compartilha no Facebook com um sorriso de um “brofist” e com os bíceps contraídos. Este é um spornossexual, que anda com amigos com corpo semelhante à Chris Hemsworth, sabe de cor todos os filmes da saga “Velozes e furiosos” e o artista favorito é capaz de ser o Pitbull. Publica música nas redes sociais e usa a descrição “TOP!”. Sempre.

O spornossexual é uma espécie de variante dos metrossexuais. Porque olha pelo corpo e não tem vergonha de o exibir: ele investe nos músculos e na beleza física. E não é que mentalmente não tenha conteúdo: simplesmente prefere se dedicar em ter pernas bem definidas. Quando sai à noite com uma t-shirt de algodão com decote em V muito justa, o drinque que escolhe: vitamina de clara de ovo com leite e granola. É a receita ideal para potenciar as horas intermináveis que passou na academia durante a tarde.



Está vendo aquele aquele quadrado preto que este muppie tem na mão? É um iPhone da Apple. Aliás, essa é também a marca do computador do rapaz. E do mouse e do primeiro MP3 (ipod) que recebeu no Natal em 2006. Todas as roupas que veste são da mesma marca. E só não são Apple porque a empresa ainda não se meteu nas confecções de roupas. Eis a primeira característica de um muppie: fiéis a determinadas marcas e tem necessidade em renovar constantemente seus aparelhos tecnológico. Ouvem Kendrick Lamar e Jay Z. Copiam todos os estilos americanos. A cidade da vida deles é Nova Iorque. E apesar de terem uma boa licenciatura em Arquitetura querem trabalhar num bom estúdio em Londres, acham que têm um talento que não está sendo devidamente aproveitado.

É por isso, em busca de realizar um sonho, que um dia podem largar tudo e abrir uma start-up. Não é que não estivessem estáveis na vida que tinham antes, mas todas aquelas citações em inglês que dia sim, dia não, publicas no Twitter os inspiraram. E têm quase a certeza que há muito mais à sua espera para além da rotina que levam. E dos cafés quinta-feira no Starbucks. E das lojas de compras online por onde vagueiam antes de ir dormir, depois de ver Gotham no Netflix. São vencedores que o mundo ainda não exaltou, são heróis que ainda não tiveram tempo para brilhar. Por isso, vão calçar os Vans, pegar na coleção de revistas da Marvel e depois vão encontrar o “verdadeiro eu” na Irlanda ou na Holanda. Vão voltar cheios de histórias para contar. E um novo par de Adidas Tubular, claro.


A informação genética destes rapazes é a junção de vários dos códigos que descrevem as tribos anteriores. Têm a ambição e autoestima de um muppie, mas preferem misturá-la com a criatividade e a intelectualidade de um hipster. As gravatas e os estilos requintados vão buscá-los aos metrossexuais. Gostam de usar barba, mas curtinha, e de fazê-la combinar com óculos de armação vintage muito na moda, mas que nem todos têm coragem de comprar. Nem dinheiro para isso, na verdade. Eles fumam American Spirits em vez de Camel, andam de bicicleta em plena cidade em vez de comprar um Mini Cooper. E não têm medo do dinheiro: usam o necessário para contribuir para o seu intelecto, tal como indicam as imagens que publicam no Facebook onde se leem coisas como “Viajar é a melhor forma de gastar dinheiro e ainda assim sair ganhando”. Em inglês, porque eles são pessoas do mundo.
É um criativo da cidade. Nascer num ambiente que não os valoriza foi um erro cósmico imperdoável do destino. Mas pelo menos têm uns bons coletes que  combinam com as gravatas e uma conta recheada o suficiente para irem em busca de quem são, bons livros para ler e muita cultura para explorar. Correm o mundo a ouvir desde Naughty Boy até Ben Howard, passando claro  por Bon Iver e Example. Nesse aspeto conseguem ser versáteis. Gostam de comer donuts caseiros, não gostam de tatuagens visíveis porque pode limitar a carreira e apostam no Instagram. Mas nem tanto no Twitter.




Foi lá em 2001 quando Jay Z ligou o microfone e cantou “I guess I got my swagger back” numa música chamada “All I Need”. E embora o termo não fosse novo e já estivesse associado à figura de Soulja Boy, de Kanye West, ficou colado a partir desse momento aos rapazes que põem bonés da Obey. Têm um pouco de rap e um pouco de hip hop correndo no sangue, camisetas largas com touca para tapar parte do cabelo e de vez em quando são capazes de ouvir Calvin Harris e Axwell. Como identificar um swagger na rua? Se for parecido com o novo estilo do Justin Bieber já tem potencial para se aproximar de um. Procure por tatuagens: tem o sinal do infinito desenhado no pulso? Tem um piercing relativamente discreto na orelha? Consegue ver a costura das cuecas boxe porque as calças estão largas e o tecido entre as pernas está abaixo do joelho? Então é muito provável que esteja perante um swagger declarado.

A seguir olhe para os pés: tem tênis DC? Anda como se estivesse desfilando e com as pernas ligeiramente arqueadas (de propósito para segurar as calças e evitar que caiam desgraçadamente no meio da rua)? Estão no lugar mais escuro da cidade com óculos de sol ? Confere, é um swagger. Principalmente se achar que a vida deve ser vivida um dia de cada vez – porque “Carpe Diem”.

Proponha uma correção, sugira uma pauta: estilocrispim@gmail.com
Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por passar por aqui e deixar o seu comentário, é sempre bom ler outras opiniões!